Existe uma confusão natural entre as dualidades “Bem ou Mal” e “Certo ou Errado” e ambos os conflitos acabam caindo dentro da discussão do maniqueísmo, a filosofia religiosa sincrética e dualística fundada e propagada por Maniqueu, filósofo cristão do século III, que divide o mundo simplesmente entre Deus ou Diabo. De acordo com esse pensamento, a matéria é intrinsecamente má, e o espírito, intrinsecamente bom. Com a popularização do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do Bem e do Mal.
Para escrever essa experiência, baseada em luto e perdas, busquei me afastar o máximo possível de qualquer julgamento de caráter, entendendo que os seres humanos são criaturas instáveis, sensíveis e com sentimentos complexos. Foi um exercício divertido, porém desgastante, de abdicar de minhas próprias perspectivas e convicções para mergulhar em diferentes situações emocionais, de forma a criar simulacros sentimentais que pudessem construir minhas personagens de dentro para fora.
Da mesma maneira que o livro é construído com base em uma cadeia de sentimentos individuais, ações e suas consequências, gerando um ciclo espiral e decadente, onde todos estão conectados, ele demonstra que precisamos evitar ser levianos. Não é fácil se colocar no lugar do próximo. São infinitas as cordas do destino que sustentam cada segundo de nossas vidas e o máximo que podemos enxergar são reflexos do outro em fragmentos de nós mesmos.
Creio que a palavra que mais marcou o processo criativo de O Sexto Estágio seja: “empatia”. Para mim, essa também é a palavra que representa uma nova forma de ver a vida, minhas relações e o mundo ao meu redor. A verdade é que nunca sabemos a profundidade dos desafios ou das perdas de cada um, sendo que muitas vezes os que mais sofrem são também os que mais escondem suas dores.